Onde iremos chegar?

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Essa é uma pergunta que me faço diariamente. Ao longo dos tempos, nunca estivemos tão próximo à um colapso socioambiental de grande magnitude. A humanidade já passou por colapsos socioambientais várias vezes. Mas ao analisar presente e passado, cada vez mais tenho a convicção de que o momento atual é crítico, não só para a raça humana, quanto para outras diversas espécies que vivem e compartilham do mesmo ambiente que estamos inseridos.

Diariamente, assistimos várias reportagens e vários documentários mostrando a degradação socioambiental nos vários cantos de nosso planeta. É a destruição da camada de ozônio, o aquecimento global, a contaminação de nossos mares e rios, a dizimação de povos e de outras espécies.

Não precisamos ir longe para entender o que quero dizer. A poluição, gerada por nós homens, impacta negativamente de tal forma o ambiente ao qual estamos inseridos, causando e agravando várias moléstias que afetam nossa saúde e sobrevivência. Neste momento estamos vivenciando um aumento do número de casos de febre amarela silvestre em vários estados do nosso país. Este aumento de casos desta doença, pode estar atrelado por um desequilíbrio ambiental, já que houve um grande desequilíbrio ecológico com o desenvolvimento das áreas urbanas. E mais, com a falta de informação e conhecimento, várias espécies de macacos estão sendo dizimadas pelos homens, por acharem que são os hospedeiros e transmissores do vírus causador da doença.

Outro grande exemplo, que se passa bem embaixo de nossos olhos, são nossas praias. Adoramos a praia, mas não cuidamos delas. A maioria estão impróprias para uso, balneabilidade, devido aos despejos de esgotos sanitários, efluentes industriais e despejo indiscriminado de resíduos sólidos. Podemos citar a Baía de Guanabara, que luta para sobreviver ao descaso do estado e sociedade. Populações de espécies de peixes e mamíferos aquáticos sofrem com o tamanho descaso em relação a poluição que é despejada em suas águas e das atividades, econômicas e sociais, que são desenvolvidas dentro de suas águas e ao seu redor.  Para este caso, podemos falar dos botos e golfinhos que antes habitavam estas águas e, hoje estão desaparecendo, seja em decorrência de mortes causadas por doenças desenvolvidas e agravadas pela baixa imunidade em decorrência a exposição à poluição, seja em decorrência de atividades, econômicas ou não, predatórias.

Podemos discorrer vários outros exemplos, como o das tartarugas e aves que são encontradas mortas devido ao sufocamento ou por outros problemas em decorrência de ingestão de resíduos sólidos (plásticos) jogados nas águas dos oceanos. Ou como a crise hídrica vivida não só por nós brasileiros, mas também por outras nações.

Os desequilíbrios sócio-econômico-ambiental ganham cada vez mais espaço e força nos círculos de debate, nos levando a uma mobilização entre técnicos e pesquisadores para a compreensão dos desafios que estamos enfrentado e iremos enfrentar. Almejando por maiores explicações teóricas e práticas para o manejo ambiental, visando não comprometer a produção econômica e o bem-estar social, fundamenta-se na economia ambiental soluções derivadas em várias teorias desenvolvidas, como por exemplo as teorias elaboradas por Arthur Cecil Pigou (1920) e Ronald Coase (1960).

Ronald Coase verificou que as soluções destas externalidades não necessitam somente de um aparato público, capitaneado exclusivamente pelo Estado o que vai de encontro a Teoria de Pigou, na qual a solução para as externalidades estaria baseada no forte aparato estatal. Observou, também, que a negociação entre as partes poderia resolver grande parcela dos problemas, bastando apenas que algumas especificidades fossem mantidas: a livre negociação, a clareza dos direitos de propriedade e custos de transação baixos ou nulos.

Bom, mais o que isso tem a ver com tudo que falamos até então?

Baseado nestas teorias podemos verificar existem várias formas de alcançarmos um equilíbrio sócio-econômico-ambiental. Seja através da taxação das atividades e produtos com alto grau de geração de poluição (Poluidor Pagador), ou seja, sob a ótica de acordos unilaterais, entre os setores econômicos, sociedade e estado afim de estabelecer uma relação equilibrada entre as partes (Crédito de Carbono e Licenciamento Ambiental), onde ceder garante o direito e a necessidade de cada uma das partes.

Porém, existem alguns fatores, relacionados ao homem, que requerem um esforço gigantesco para chegarmos à algum lugar. Primeiro a educação, nos falta muita educação. Não só acesso ao conhecimento e a informação, mas algo que seja de berço.

E em segundo, a mudança de postura do ser humano sentir-se superior a tudo e a todos. Se o homem conseguir olhar ao seu redor, enxergar e aceitar a interdependência que existe entre nós, os demais seres vivos, os recursos naturais disponíveis e o ambiente ao qual estamos inseridos, estaremos dando um passo importante para iniciar um novo destino para todos e tudo.

Não existe mais tempo. Chegamos à um ponto em que precisamos mudar nossa postura e, entender que nosso planeta e nossas futuras gerações estão em posição de xeque-mate.

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