Economia colaborativa – presente e futuro

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A colaboração faz parte do nosso DNA:

A colaboração sempre esteve presente em nosso DNA e é fator fundamental para a sobrevivência humana. Os processos de colaboração sempre aconteceram e a gente não teria conseguido se manter como estrutura social se eles não existissem.  Desde os primórdios, poder contar com o outro é algo que existe na sociedade em diferentes graus. Com isso, a economia colaborativa não é um conceito exatamente inédito ou recente. 

Quando a gente olha para as comunidades tribais, lá nos primórdios, a colaboração sempre existiu para garantir a sobrevivência de todos. Se havia uma pessoa doente, todos deveriam prover recursos para ela, porque sabiam que, quando ela estivesse bem, ia voltar a gerar valor, e ajudar na comunidade.

Só que isso não consegue se estender para além de uma comunidade pequena, porque se eu não conheço todas as pessoas e a sua reputação, como eu posso confiar? O dinheiro serviu para estender isso, respondendo à pergunta: “Se não te conheço, como a gente vai fazer uma troca?” Daí a palavra crédito, que tem o sentido de confiar…

O desenvolvimento afasta a colaboração:

Mas conforme as sociedades foram se desenvolvendo, a colaboração foi ficando menos presente quando começamos a só pensar em trabalhar mais, para ter mais dinheiro, e para poder fazer mais dessas trocas visando o nosso bem estar, mas pegamos algum caminho errado quando começamos a vender todo o nosso tempo, para quem nos pague por isso…

Sem tempo, e correndo incessantemente atrás de mais e mais dinheiro, outras coisas foram se convertendo em produtos ou serviços como, por exemplo, a nossa alimentação. Há bem pouco tempo, não fazia sentido pagar para comer fora todos os dias, as pessoas cozinhavam dentro de casa. Sem tempo, eu também não tenho como limpar a minha casa e acabo contratando uma empresa de limpeza.

Ainda sem tempo e correndo atrás do dinheiro, eu não tenho condições de cuidar dos meus filhos e então eu pago alguém para fazer isso por mim. Hoje trabalhamos dias, semanas, talvez meses para pagarmos a festa do nosso filho em uma linda casa de festas. Mas perguntem para os seus avós se eles abririam mão de fazer o seu bolo, os seus brigadeiros e a decoração da sua festa, no quintal da casa deles…

E assim, cada vez mais coisas foram sendo convertidas em produtos ou serviços conforme a gente foi atingindo certo padrão de desenvolvimento. Processos inerentemente sociais ou colaborativos foram se distanciando cada vez mais. Em função do trabalho, do estresse e da carreira, as pessoas não têm tempo de se relacionar, e isso é latente para todos nós. Mas o atual modelo está obviamente em crise, tanto financeira como em termos de recursos naturais. E vejam que eu não cito em momento algum a Crise, que deriva do Coronavirus. Isso é um cenário que foi construído há séculos, e essa é a apenas uma oportunidade para repensarmos.

 Tudo que antes era feito por nós e que nunca havíamos pensado em pagar por isso, passou a ser terceirizado por alguém que faz para você, cobrando por isso. E nisso, as relações vão se perdendo… As pessoas não se encontram mais, não vem mais os filhos crescendo, não têm tempo para se divertir… Estão apenas trabalhando para ter mais dinheiro!  Essa é a meta! 

E o pior, é que isso não tem fim e a gente vai ficando insaciável: Você tem uma casa, quer comprar outra maior. Você tem um carro, quer trocar ele todo ano. Você viaja 1 vez por ano, quer viajar todo mês, e assim vai…. E nessa, vamos vivendo uma vida difícil, em que só o preço dos remédios não fecharia essa conta…

Estudos apontam que em 2030, teremos mais casos de ansiedade e depressão, do que qualquer outra doença no mundo!  Será que esse é realmente o caminho? É o ratinho dentro da gaiola correndo atrás do queijo que nunca alcança, para todo o sempre. Vivemos eternamente na célebre frase do filme “Clube da Luta”, que escancara a realidade: “Temos trabalhos que odiamos, para comprar porcarias de que não precisamos.

Com essa eterna busca pelo “ter mais”, em paralelo ao crescimento populacional mundial, ano após ano, aumentou-se o nível de consumo ao máximo e, portanto, de geração de resíduos e de exploração de matéria-prima. Com a chegada do consumismo desenfreado, a preocupação com o meio ambiente e com a forma de consumo da sociedade aumentou muito nos últimos anos.

E a chave dessa equação é que você pode viver com menos dinheiro e manter a mesma qualidade de vida, no sentido de que pode acessar muita coisa de forma não monetária. Muitas coisas das quais a gente depende hoje tem a ver com o estilo de vida tradicional: comer fora, terceirizar os cuidados com os filhos, educar os filhos, hospedar-se em hotéis. São coisas que antes estavam inseridas nos processos da vida em comunidade. Então porque pagar por elas, e ter que trabalhar cada vez mais só para isso?

Mas e agora?

Durante muito tempo, pessoas e empresas buscaram soluções para os seus problemas a partir da compra e do acúmulo de itens. Embora o consumismo ainda tenha muito destaque no cenário atual, o futuro mostra uma cara diferente: a da economia colaborativa.

Essa nova tendência surge como uma alternativa para satisfazer necessidades diversas, que, anteriormente, eram atendidas predominantemente por empresas. As pessoas passaram a pagar pelo acesso a produtos ou serviços, ao invés de adquiri-los.

Considerada uma completa mudança de paradigma, a atuação funciona baseada no senso de comunidade e na participação em rede. O compartilhamento e a confiança são as palavras de ordem dessa abordagem que, cada vez mais, ganha importância e presença na vida da sociedade.

Se antes, nós acreditávamos mais em instituições como o governo, a igreja e os bancos, hoje essa confiança está nas outras pessoas, na maioria das vezes, estranhos, em plataformas como Airbnb, Uber e por meio de tecnologias como o blockchain.

Nós fazemos isso quando lemos as críticas de um produto antes de comprá-lo no e-commerce; quando marcamos uma carona por meio de um aplicativo sem conhecer o motorista e também quando marcamos um encontro no Tinder com alguém completamente desconhecido.

Esse comportamento conecta com tudo que sempre esteve dentro de nós e tem potencial de mudar a relação entre as pessoas e o mercado. Seja bem-vindo à era da confiança! Seja bem-vindo à era da Economia Colaborativa.

A Economia Colaborativa como solução:

Economia colaborativa, consumo colaborativo ou economia compartilhada, é um conceito que compreende o acesso a bens e serviços através do compartilhamento, em vez da simples aquisição.

É um tipo de negócio que procura mudar a realidade atual de consumo, a qual levou o planeta a diversos dilemas sociais e problemas de esgotamento dos recursos naturais.

A partir dessa nova percepção de mundo, surgiu o entendimento de que era necessária uma alternativa ao acúmulo de bens. Ou seja, a economia colaborativa propõe não só um novo modelo de negócios, mas também uma maneira alternativa de se viver: com qualidade, mas sem desperdícios.

O consumo colaborativo não traz apenas ganhos à economia, sendo também responsável por mudanças na condução dos negócios e posicionamento das empresas. Neste novo contexto, o marketing não está mais focado no produto, mas no que ele representa para o consumidor e em quais experiências ele pode proporcionar.

Não há limites para o modelo de negócio compartilhado. Vai viajar e precisa de um lugar para ficar, mas não quer pagar caro em um hotel ou sofrer com a burocracia para alugar uma casa? O Airbnb pode ser uma alternativa. E o que dizer do Uber e dos demais aplicativos de caronas, que levam mais de 20 milhões de pessoas por dia no mundo todo, sem que o usuário precise adquirir um carro. Os exemplos são inúmeros: Waze, Tinder, Bitcoin, Facebook, Instagram, e muito mais fazem parte do que é economia colaborativa!

Mas a economia colaborativa não para só em aplicativos voltados para tecnologia: quer trabalhar em um escritório, mas não quer os custos de um aluguel, funcionários, e tudo mais? O Coworking é um bom exemplo de economia colaborativa que resolve esse problema!  Quer ter uma loja física, e não pode arcar com os custos de ter uma loja inteira só para você, as lojas colaborativas são um bom caminho!

O futuro e o presente passam pela economia colaborativa! E você vem com a gente?

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