A mulher e o mercado de trabalho

Estamos no mês de Março, mês em que celebramos a luta das mulheres através dos séculos por igualdade, a conquista de seu espaço na sociedade e sua garra em ultrapassar obstáculos, demonstrando que se superam a cada dia. Essa mudança na perspectiva dos gêneros tem sido bastante representativa e afetado diretamente o cenário atual trabalhista.

O mercado de trabalho atual conta com cerca de 44% da participação feminina, número que vem crescendo gradualmente com o passar dos anos, quando a mulher deixou de participar apenas dos ambientes domésticos. De acordo com o IBGE, com base em informações do RAIS, o desemprego tem atingido menos essa parcela, o que significa também a predileção pela participação feminina nas mais diversas áreas e setores.

Embora ainda tenhamos um quadro de desigualdade salarial, onde muitas mulheres recebem, em média, 16% menos que os homens, mesmo atuando na mesma função, essa situação tende a ser minimizada, graças à dedicação e qualificação que tem crescido exponencialmente neste grupo. A presença de mulheres em faculdades, escolas e cursos técnicos tem crescido bastante e representa hoje quase 60% do total de estudantes. Uma opção que tem ajudado e atraído muito este público é a modalidade à distância.

Outro dado relevante é que muitas mulheres têm estado à frente de suas famílias, sendo responsáveis diretas pela manutenção da casa e bem-estar de seus membros; vale frisar que isso tem acontecido mesmo quando há a presença do cônjuge na mesma residência. O trabalho doméstico, que gera uma jornada dupla, normalmente não é contabilizado ou mesmo considerado como atividade laboral pelos órgãos responsáveis por essas estatísticas.

Os cargos de chefia e gerência ainda precisam avançar muito: apenas de 5 a 10% das empresas brasileiras contam com mulheres nesses cargos, de acordo com OIT. A maioria da participação feminina ainda é em cargos administrativos e até mesmo irregulares ou não-remunerados. O Ministério do Trabalho tem buscado melhorar este quadro com fiscalização e programas de conscientização de empregadores.

Infelizmente, os casos de assédio e até mesmo de estupros, ainda são uma realidade que afeta e dificulta muito a participação e até a permanência feminina no mercado de trabalho. Muitas desistem de seus empregos ou, persistindo nos mesmos, tem sua saúde mental e, por vezes, física seriamente prejudicada em decorrência desse tipo de acontecimento. E não estamos falando apenas da violência sexual: um estudo revela que mulheres também são vítimas de assédio moral com maior incidência que homens segundo o IPAM, e esse número aumenta drasticamente quando a mulher é negra, homossexual ou trans. O preconceito ainda é o motivo principal de agressões e uma ameaça ao desenvolvimento saudável e sustentável nas firmas.

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